O intocável Taurai Inácio Tsama: O “dono” das Alfândegas de Moçambique

Segundo a imprensa nacional, o escândalo em questão, que envolveu um esquema de corrupção de grandes dimensões, causou um prejuízo significativo ao Estado moçambicano, estimado em 1,1 mil milhões de meticais.

Esse valor foi desviado mediante um esquema de isenção de encargos aduaneiros que favoreceu o desembargo de 335 contentores de veículos de luxo, os quais foram fraudulentamente classificados como fardos de roupa usada – uma alegação absurda de que os bens foram enviados como “ajuda humanitária” para as vítimas do terrorismo em Cabo Delgado.

Na edição de 20 de Março de 2025, o jornal Ponto por Ponto relatou que, apesar da gravidade da situação, o tribunal havia determinado uma medida de coação, que implicava a suspensão das funções de Taurai Tsama. No entanto, surpreendentemente e contra todas as expectativas, Tsama utilizou o seu poder financeiro para “massagear” o sistema judicial, garantindo a reversão da decisão judicial e mantendo-se no comando das Alfândegas de Moçambique. Este movimento concretizou-se após o pagamento de uma caução no valor de 5 milhões de meticais, quantia em que foi depositada de maneira extremamente rápida – no mesmo dia em que Tsama foi notificado da reversão da decisão que suspendeu as suas funções.

Já se passaram três anos desde o início deste processo, mas o caso continua sem uma resolução clara, permanecendo estagnado na Procuradoria-Geral da República (PGR). O que torna este processo ainda mais alarmante são as recentes informações que indicam que Taurai Tsama estaria a facilitar a sonegação de obrigações aduaneiras nos negócios de Florindo Nyusi, um dos filhos do ex-presidente da República, Filipe Nyusi.

O caso, registado sob o número 1/PGR/2022, foi oficialmente encaminhado para o Tribunal Judicial da cidade de Maputo, na Secção de Instrução Criminal. Entretanto, a demora na tramitação e as circunstâncias que envolvem o caso levantam sérias dúvidas sobre a transparência e a imparcialidade das instituições responsáveis pela investigação e julgamento deste processo, deixando a todos cada vez mais céptica quanto à real intenção do sistema judicial em responsabilizar aqueles presentes no centro deste esquema de corrupção.


 

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